segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Balanço (so far) desta nova "anormalidade"

 Olá pessoal, espero que esteja tudo bem convosco.

Mais uma vez falhei naquilo que deve ser a base de qualquer projeto, qualquer iniciativa, que é a consistência. Por outro lado, somos humanos e não é expectável que nos comportemos como máquinas, portanto apenas estou a expor um facto e não a queixar-me.

Hoje vou tentar partilhar como foram estes seis meses de nova Anormalidade que querem normalizar e doutrinar. Apesar de ter sentido de responsabilidade e de saber viver em sociedade, não vejo que num futuro a médio, as liberdades que nos foram retiradas, voltem a ser repostas, mesmo havendo um fim oficial desta pandemia que nos assola.

Visto que escrevo muito em discurso direto, vou resumir por cada mês, a minha experiência destes 6 meses:

  • Março:
    • Viemos para casa dias depois do meu aniversário (apenas uma curiosidade). Durante as primeiras semanas, em trabalho remoto e com o país fechado, o meu estado de motivação que vinha de trás parecia não esmorecer. Profissionalmente continuei muito bem, usei as horas mortas para fazer ginásio em casa, planear, escrever, filmar, aqui para esta página, comecei a ler mais, a entreter-me com mais séries, filmes, jogar PC, e parecia que ainda me sobrava tempo. 

  • Abril:
    • As primeiras três semanas continuaram com o mesmo nível de motivação. Continuei muito ativo, até que na última semana, o peso de estar tanto tempo confinado começou a bater e rapidamente passei de "gajo" muito ativo, para uma pessoa que mal comia, mal dormia. A única coisa que se mantinha era a parte profissional (e não é graxa, sempre fui educado/formatado que para ser alguém na vida tenho que arregaçar as mangas e dar o corpo ao manifesto no trabalho), porém tudo o resto começou a desmoronar-se: treinos em casa, escrita, leitura, jogar pc, e o tempo de repente começou a ser muito pesado e só queria dormir para esquecer a realidade em que nos encontramos.

  • Maio:
    • Há quem considere que estes altos e baixos uma atitude inconstante e que não sabe o que quer, eu acho que é simplesmente ser um ser humano que não vive a vida de uma forma planeada como se fosse um relatório de contabilidade ou um projeto informático frio e calculista, mas sim que deixa que as emoções façam parte de si; talvez as deixe ir longe demais, mas por isso mesmo não deixo que as emoções menos boas tomem conta de mim durante muito tempo e decidi que estava na hora de mudar. Foi neste mês que saí pela primeira vez para dar um passeio, fui à praia ver e ouvir o mar a ver se ajudava a recarregar as baterias, e assim foi: na semana seguinte voltei aos trincos, mas infelizmente apenas durou um dia, pois no 2º dia acordei com febre e dores intensas na garganta e sem energia. Como já é habitual em mim, ter 2 a 3 vezes por ano amigdalites é "peanurs", no entanto, mesmo com as evidências que tinha uma infeção deste tipo, desloquei-me ao SNS e basicamente, tinha covid, deram-me a requisição do teste e mandaram-me ficar isolado. Como era de esperar não era covid e fiquei com uma inflamação mal tratada e mal diagnosticada que se não tivesse insistido e recorrido ao tão malvado sistema-porco-capitalista do serviço privado de saúde podia ter-me saído cara a brincadeira (no entanto isso só aconteceu em julho).

  • Junho:
    • Continuei em espiral depressiva, não só porque estava doente, mas porque estava sem a energia necessária para dar a volta por cima, pelo que neste mês deixei que pensamentos muito estranhos e obscuros tomassem conta de mim, pelo que comecei a por em causa a minha sanidade mental. A sorte, por assim dizer, é que desde cedo, como também já referi em publicações anteriores, aprendi a lidar com os meus fantasmas e pensamentos estranhos que geralmente ocorrem quando passamos algum tempo sozinhos e deixamos a nossa mente trabalhar à vontade; desse modo, apesar de ter ficado assustado com o que me passou pela cabeça, consegui relevar e ter paciência que dias melhores viriam.

  • Julho:
    • Em julho comecei a desconfinar um pouco mais e como referi, tive que arranjar soluções para o facto de estar doente, e depois de devidamente medicado, comecei a sentir-me imediatamente melhor, e isso também fez com que a minha motivação melhorasse. Reinscrevi-me no ginásio, aproveitei uns dias de férias para poder ver o mundo e não ficar preso em casa e consegui voltar a encontrar o meu foco.

  • Agosto:
    • Em agosto voltei aos trincos, dormir bem, treinar bem, comer bem. Com estes três aspetos em sintonia consigo de forma mais eficiente gerir o meu dia a dia sem precisar de ir ao extremo que comentei em cima, ou seja, fazer as coisas com algum planeamento e com alguma emoção. Em pouco tempo senti resultados quer físicos, quer psicológicos e voltei novamente a um estado de motivação de março.

  • Setembro:
    • É o mês em que estou a fazer esta publicação e mantenho esses níveis de motivação. No início das minhas férias fui um pouco abaixo pelo corte com a rotina (que ironia), mas lá recuperei e assim penso seguir pelo menos até ao final do ano.

Hoje fui um pouco extenso, mas este resumo também serviu para de alguma maneira fazer o meu próprio balanço pessoal e sinto-me muito mais leve. 

O que a mim mais me "assustou" nestes seis meses foram os pensamentos obscuros que tive durante o mês de junho, não por mim, mas por quem não tem quem possa apoiar nessas alturas e se deixe tomar por eles e acabe por fazer alguma loucura irreversível.

Não sei como foram estes seis meses convosco, se quiserem partilhar comentem. 

Fico por aqui e tentarei voltar a ganhar alguma consistência.

Abreijos e até à próxima.

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