segunda-feira, 18 de maio de 2020

Saberemos nós o que é mesmo a liberdade?

Olá pessoal, espero que esteja tudo bem convosco.

Ainda sobre a temática da liberdade e do que ela significa pessoalmente, gostaria de partilhar convosco uma pequena grande parte da minha vida.

Aos 10 anos comecei a ganhar um pouco mais de consciência sobre quem eu era, qual era a minha identidade.

Durante cerca de 19 anos, nunca me senti verdadeiramente livre, no sentido em que não me podia comportar da maneira que eu me sentia, não podia expressar os meus sentimentos sem que recebesse ou um insulto, ou uma humilhação, ou um olhar de desprezo e de desdém, só porque não era um carneirinho a seguir um rebanho.

Durante cerca de 19 anos, qualquer coisa que eu dissesse, qualquer gesto que fizesse, qualquer atitude que tomasse tinha uma carga emocional e um stress por trás que por mais que eu tente passar para palavras, nunca o irei conseguir fazer, só mesmo quem passa por isso é que sabe o que eu estou a falar.

Tudo o que fazia ou dizia era meticulosamente planeado, preparado, ensaiado, testado, de modo a minimizar ao máximo o risco de voltar a ser insultado, humilhado ou desprezado.

Com o passar dos anos, fui abrandando essa pressão, mas nunca me senti verdadeiramente livre, isto é, sem medo de ser quem sou e como sou.

Mesmo tendo amigos e pessoas que estiveram do meu lado, eu nunca me senti verdadeiramente livre pois tinha aquela voz em mim que me dizia para ponderar e voltar a ponderar e ponderar novamente a minha próxima ação.

Só há cerca de 4 anos, por volta dos meus 29 anos, é que consegui (finalmente) acordar para a vida, e perceber na plenitude que ser livre significa ser responsável por tudo aquilo que faço e que digo, e desde que eu não esteja a faltar ao respeito a ninguém, então não tenho que me preocupar se sou ou não aceite ou com a opinião de outrem.

Viver em liberdade é termos respeito pela diferença, procurar o contraditório para poder debater ideias e procurar caminhos novos com base nesses debates, procurando o melhor de cada mundo , de cada opinião; não é procurar a igualdade. A maior ameaça para a liberdade é o pensamento único, a doutrina, a falta de espírito crítico, o medo e o ódio pelo que é diferente.

A todos vocês que neste momento aplaudem as restrições de liberdade com a justificação da segurança fazem-no sem pensar porque ao longo destes anos viveram no privilégio de sempre poderem ser como são sem nunca terem tido uma experiência do que é viverem em verdadeiro confinamento, terem que fingir ser outra pessoa só para conseguirem um bocadinho desse sentimento de liberdade, quando por dentro estão mais presos do que nunca.

Neste momento tudo aquilo que eu passei são meras memórias que tenho-as bem arrumadas na minha estante dos assuntos pessoais, já não me identifico com aquela pessoa, porque simplesmente não tenho medo de ser quem sou, não tenho medo dos meus ideais, não tenho medo de defender aquilo em que acredito.

Algumas das minhas opiniões recebem as típicas respostas de alguém que desconhece, tem medo de discutir assuntos porque estão habituados ao pensamento único, à ausência de espírito crítico, sendo que o contra argumento são os chavões típicos de quem não tem mais nada para dar.

Mas onde eu quero mesmo chegar é que não quero ver o meu país em que já não vai haver esse tipo de respostas ignorantes simplesmente porque silenciaram o pensamento contrário, sob uma justificação de segurança. Não quero ver o meu país a perder liberdades e ver a população a aplaudi-la achando que estamos no caminho contrário.

A liberdade não é um dado adquirido, a todos vocês que nunca se sentiram sem ela, façam um pequeno exercício e usem o pensamento crítico e ponham tudo em causa, e lutem todos os dias por ela, sem medos.

Foi este o meu desabafo de hoje.

Abreijos e até à próxima.

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